terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

As variantes e suas conceituações

(Fonética e Fonêmica, Mattoso Câmara)

O fonema, entendido como um feixe de traços distintivos, individualiza-se e ganha realidade gramatical pelo seu contraste com outros feixes em idênticos ambientes fonéticos. Não é, pois, a diferença articulatória e acústica que distingue primariamente dois fonemas, senão a possibilidade de determinarem significações distintas numa mesma situação fonética.

Compreende-se assim que um mesmo fonema possa variar amplamente, na sua realização, conforme o ambiente fonético ou as peculiaridades do sujeito falante.

(...)

pode dar-se a circunstância de que, em certas condições de ambiente fonético, uma oposição de fonemas, em geral depreensível na língua, se anula e a realização física passa a ser uma só, quer sob o aspecto de um dos fonemas, quer sob um terceiro aspecto em que só se mantém os traços comuns a ambos. É o chamado fenômeno da neutralização (al. Aufhebung; ing. neutralisation) com a presença do "arquifonema" em que se anula a oposição. Um bom exemplo em português é o contraste entre sibilantes e chiantes (/s/ e /x/, /z/ e /j/) em posição pós-vocálica (realizando-se sempre a chiante na maioria do território de língua portuguesa, ou parcialmente sempre a sibilante).

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